segunda-feira, julho 21, 2008

Ministra da Saúde Vence Guerra das Urgências

Ana Jorge deu uma ambulância para conseguir acordo com Anadia.
A ministra da Saúde vai na próxima sexta-feira a Anadia para assinar com a câmara municipal um protocolo que mantém o serviço de urgência do hospital local fechado à noite. “Não vamos ao ponto de exigir o que não é possível”. Com esta frase, dita ontem ao Diário Económico, o presidente da câmara municipal de Anadia, Litério Marques, justificou a assinatura do acordo, que mantém as condições dos últimos seis meses.O processo de Anadia, que tantas dores de cabeça deu a Correia de Campos – e que acabou por determinar a sua saída do Governo – vai, por isso, finalmente ser fechado. O novo documento, de acordo com as informações recolhidas pelo Diário Económico, não está ainda fechado, pelo que pode ainda sofrer alterações de pormenor. Certo é que o serviço de urgência, um dos principais motivos da discórdia entre a câmara de Anadia e o Ministério da Saúde, vai mesmo permanecer fechado entre a meia-noite e as oito da manhã, e a ambulância com um condutor e um enfermeiro, que diariamente estaciona à porta desse serviço vai continuar a ficar por lá todas as noites.O presidente da câmara de Anadia, Litério Marques, confirma que “há um princípio de acordo” sobre a reforma das urgências, mas acrescenta que “falta articular convenientemente o texto”, razão pela qual evita responder directamente sobre a questão do fecho da urgência. “Ainda vamos tentar incluir alguns pontos no acordo”, admite. Mas se a urgência ficar fechada, o protocolo é assinado à mesma? “Sim, sim, assina-se sempre o protocolo”, garante o autarca. De acordo com a rádio Antena 1, o protocolo tem a validade de seis meses, período durante o qual o Ministério tem de providenciar a nova ambulância que ficará no quartel dos bombeiros.A política de Ana JorgeO novo protocolo acaba por ser a resposta política de Ana Jorge aos que temiam que a sua entrada no Ministério correspondesse a um recuo nas reformas.Em Janeiro, foram poucos os noticiários televisivos que não mostraram imagens de protestos dos habitantes do concelho de Anadia, no Distrito de Aveiro, clamando pela manutenção da urgência durante a noite. O então ministro da Saúde, Correia de Campos, desdobrava-se em intervenções para explicar que as populações iriam ficar mais bem servidas com o novo mapa das urgências, como resposta ao Presidente da República que, na mensagem de Ano Novo, tinha dito que os portugueses não percebiam a reforma em curso na Saúde.“A senhora ministra mostrou a abertura possível para dialogar e negociar, ao passo que Correia de Campos recusou-se a falar connosco”, explica ao Diário Económico o autarca Litério Marques, quando questionado sobre o que mudou desde que Ana Jorge assumiu o Ministério da Saúde.Contactado pelo Diário Económico, fonte oficial do Ministério confirmou a existência de negociações com a câmara de Anadia, mas escusou-se a tecer mais comentários, adiantando apenas que brevemente haverá novidades.Governo dá...- As negociações entre o Ministério da Saúde e a câmara de Anadia intensificaram-se nas últimas semanas.- Para além do que estava já previsto, a ministra oferece uma ambulância que ficará no quartel dos bombeiros.- Ana Jorge reforça o número de médicos e lança uma unidade de convalescença.Câmara recebe- A cedência mais importante da câmara no processo de negociação passa por assinar um protocolo que mantém a urgência encerrada.- Será também criado um hospital de dia para diabéticos e serão reforçadas as valências do hospital nas áreas da Dermatologia, Oftalmologia e Pediatria, entre outras. Uma breve história da atribulada reforma das urgências. 1- A primeira proposta da comissão. A Comissão Técnica que definiu o novo mapa das urgências e dos Serviços de Atendimento Permanente iniciou os seus trabalhos em Julho de 2006. Em Setembro de 2006, apresentou a sua Proposta de Rede de Serviços de Urgência, um trabalho que o Governo classificou de “altamente meritório”, elogiando as condições de “independência e liberdade de opinião”. 2- Lançamento da discussão pública. Corria o mês de Outubro quando começou a discussão pública sobre o relatório das urgências. O país quase parou para debater o tema e as explicações de Correia de Campos nem sempre ajudaram a explicar o que estava em causa. As populações ficaram alarmadas pela requalificação das urgências e começaram a manifestar-se com frequência. 3- Apresentação do relatório final. A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências apresentou, em Janeiro de 2007, o relatório final sobre os pontos de rede a serem incluídos na futura Rede das Urgências, onde se previa a existência de 15 urgências e onde se explicava que era melhor para os anadienses que a sua urgência fechasse entre a meia-noite e as oito da manhã. 4- Governo apoia proposta de relatório. “O mapa proposto reduz o tempo médio de acesso e melhora de forma substancial a equidade territorial e a qualidade da assistência. Implica, certamente, encargos financeiros adicionais, bem justificados pelo esperados ganhos de equidade e qualidade, mas impossíveis de reunir e aplicar de imediato na totalidade”. Correia de Campos não podia ser mais explícito no apoio ao relatório. 5- Negociação dos protocolos. Depois da aprovação do relatório técnico, coube ao ministro da Saúde começar a convencer as autarquias. As negociações nem sempre foram fáceis, mas em nenhum lugar foi tão difícil como Anadia, onde a população se mobilizou para manifestações e vigílias quase diárias. O clima criado pelas trocas de palavras entre o presidente da câmara e o ministro da Saúde tornou impossível o diálogo. 6 - O recado de Cavaco e manifestaçõesNa mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva traça um retrato negro do país e diz que os portugueses não percebem para onde caminha o país em termos da reforma dos cuidados de saúde. Nas semanas que se seguiram, o ministro da Saúde Correia de Campos desdobra-se em intervenções para explicar o âmbito.
In, Diário Económico

2 comentários:

HF disse...

A História do David e do Golias, ao que parece, não vai prevalecer nesta história...
Continuamos sem perceber as diferenças existentes entre Águeda e Anadia, dado que as urgências do concelho vizinho ficaram inalteradas.

Continuo a achar que estas decisões têm 80% de cariz político e 20% da racionalidade.

Se as manifestações em Anadia, e toda a força que o povo demonstrou contribuiram para a demissão de um Ministro.. será que essa mesma força não chega para manter as urgências abertas?

Anónimo disse...

O Paixão é que tem toda a razão! O Litério vendeu-se. Fez como Judas que trocou Jesus Cristo por um saco de moedas. Este acordo é o acordo da TRAIÇÃO. Devia ter vergonha, já é tempo do velho ir embora.