segunda-feira, janeiro 19, 2009

2009 - O Ano da Propaganda

Henrique Fidalgo, Vice-Presidente da JSD de Anadia
Dirijo-me aos caros leitores deste jornal para vos dar conta do mais recente espectáculo a que poderão assistir durante este ano de 2009. Não necessitam de comprar bilhete, nem de reservar atempadamente o vosso lugar, dado que este espectáculo é “aparentemente” gratuito e irá entrar pelas vossas casas já a partir do mês de Janeiro.
Portugal será, com certeza, o centro da “cultura” da Europa, dado o elevado número de actividades que se irão realizar um pouco por todo o país.
Refiro-me às inaugurações das diversas obras públicas que irão dinamizar os centros das cidades, às alterações na carga tributária, às reavaliações de carreiras profissionais e às diversas promessas futuras.
Caríssimos, podem ter a certeza que o saneamento à vossa porta vai começar a ser feito, que o arranjo do passeio, que tanto reclamaram, vai acontecer este ano e que o subsídio para a Associação a que presidem vai ser mais alto…
Os dias de 2009 serão preenchidos por uma sessão solene acompanhada do descerrar de uma bandeira de Portugal sob uma placa com uma inscrição do género – «Este local foi inaugurado por sua Excelência o Presidente…». Tudo isto acompanhado por um forte aplauso e pela banda de música local.
Pelo que já podemos saber, o salário mínimo vai aumentar consideravelmente e as pensões terão aumentos significativos. Hoje foi noticiada a criação de um novo programa de estágios internacionais para jovens recém-licenciados para os países Africanos de expressão portuguesa, como forma de dar oportunidade aos muitos desempregados jovens que existem em Portugal.
Não nos admiremos de assistir à reabertura de algumas Urgências ou mesmo a uma renegociação no processo de avaliação dos professores, já para não falar no código do trabalho e nas suas disposições gerais.
E as “boas” notícias irão acontecer de forma gradual de acordo com o nosso calendário civil, até finais de 2009.
Tudo isto acontece com o objectivo de obter um sistema económico perfeito, onde a oferta e a procura se encontram num ponto de equilíbrio, em que consumidores e produtores atingem níveis desejados de satisfação. Ou seja, obras e promessas em troca de votos!
O voto é um direito, e deverá ser uma obrigação. Votar é manifestar o que se sente ou pensa, e numa democracia, representa a força que pode mudar o destino político de um país.
Que na hora de exercer tão importante direito não tenhamos somente na cabeça o ano de 2009, e os passeios, as alamedas, as bibliotecas e os “Magalhães”.
"O problema dos nossos tempos é que o futuro já não é o que era."( Paul Valéry )
in, Jornal da Bairrada

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